Cesar Veiga
Hoje em 4:43 PM
Em palestra, alguém perguntou:
- Professor César... Observo que muitos
colegas
quando bebem grande quantidade de bebidas
alcoólicas (aquelas que contêm etanol) ficam ruins,
enquanto outros (como eu),
não apresentam alteração alguma.
E isto ocorre,
independentemente da quantidade que ingerir.
Alguns dizem que não fico bêbado,
pois sou resistente ao álcool/etanol.
Qual o motivo desta “pseudo dádiva”? (Perguntou-me).
RESPOSTA:
- Temos ai um “rosário” para ofertar,
e
acima de tudo,
isto
vai incentivar meu desejo de prosseguir.
Bem,
ao
contrário da crença comum,
determinados
indivíduos desenvolvem tolerância ao etanol (que é o tipo de álcool
majoritariamente presente nas bebidas alcoólicas),
ou
seja,
a
ingestão de tal substância
não
lhes traz alterações no metabolismo (reações que ocorrem no organismo),
ocasionando,
então como resultado,
a
ausência de efeitos colaterais indesejáveis,
uma
vez que as suas células efetivamente,
adquirem
a capacidade de funcionar de forma mais eficaz
quando
da presença do etanol.
Você
achou isso “insano’?
Espere
até ouvir o resto...
Permitam-me
então,
voltar
à questão mais uma vez,
porém
com mais detalhes que antes.
Apenas
agora a ciência começa a entender como
e
por que o etanol suscita efeitos tão diferentes nos seres humanos.
A
primeira causa é “genética”, isto é;
está
escrita no DNA de certas pessoas
e
diz que, por exemplo,
os
filhos de alcoólatras
são
os que toleram melhor a bebida alcoólica/contendo etanol.
(Simplificando:
o etanol não chega a fazer o seu efeito nefasto de forma completa).
A
segunda descoberta é na “bioquímica”!
(Bioquímica
é a ciência que estuda os
processos químicos que ocorrem nos organismos vivos)
Ok?!
Então,
tente
me acompanhar,
e
eu revelarei um velho segredo – tudo bem, um segredo moderno.
Se
você possuir certas moléculas no seu organismo (NPY e PKC – épsilon) ou determinadas
enzimas (do tipo ALDH – aldeído desidrogenase),
você
tenderá a ingerir menos etanol de forma involuntária,
ou
então o transformará (destruirá as suas moléculas) fazendo com que seu efeito
seja mais discreto.
Entrem
então em sintonia com estes conhecimentos...
Mas
para tornar as coisas ainda piores,
cabe
salientar que a embriaguez também depende de mais fatores, tais como:
-
do estado emocional no momento em que se bebe;
-
das expectativas em relação à bebida e
-
da situação (jejum ou não) em que o “beber ocorre”.
Embora
o conhecimento destes fatos iniciais
não
vá mudar a sua vida,
é
preciso que o esclarecimento continue a ser feito.
E
por mais que alguns queiram empurrar este tema
para
debaixo do tapete do esquecimento,
o
conhecimento é um risco e então,
prefiro
presentear vocês com abacaxis
do
que com flores.
Soube
que a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional - Espírito
Santo,
durante
a segunda semana de novembro,
(Momento
em que ocorreu o dia Mundial de Combate a Diabetes, comemorado no dia 14/11)
informou
as autoridades e a sociedade sobre os sintomas da hipoglicemia em diabéticos.
Situação
que frequentemente é confundida com quadro de embriaguez no trânsito.
Tal
alerta ocorreu,
pois é
sabido que não é raro agentes de trânsito,
policiais
militares e policiais rodoviários federais confundirem os sintomas da doença
com sinais de embriaguez,
já que estes
são bem parecidos.
Entre os
sintomas da hipoglicemia destacamos:
- a dificuldade
de articular as palavras,
- desorientação,
- turvação
da vista,
- tontura,
- e a mudança
de comportamento entre outros.
Querem um
exemplo de “hipoglicemia grave”?
Foi mostrado
durante a maratona dos Jogos Olímpicos de Los Angeles,
em 1984,
quando o mundo inteiro se comoveu com a situação da maratonista suíça Gabrielle
Andersen- Scheiss.
Cambaleante
e desequilibrada, ao entrar no estádio Coliseu
a atleta
demorou sete longos e angustiantes minutos para percorrer dramaticamente
os últimos
400 metros dos 42 quilômetros da prova,
acompanhada
de perto pela equipe médica do Comitê Organizador.
Lembram-se?!
( http://youtu.be/CKTjdXyJuYM)
Esse
tipo de “constrangimento enganatório” em nosso cotidiano “vial” ocorre,
segundo
alerta das autoridades,
e
pode ser facilmente abrandado
por
realizações de palestras para os fiscalizadores da área da mobilidade,
objetivando
informar e alertar sobre esta importante variável...
Estou
propondo assim um “mínimo denominador comum” da boa vontade!
Mas
vou continuar o meu relato
nesta
via de contra mão,
abandonando
a ideia de suspense
e
definir a tal de embriaguez...
Segundo
a Organização Mundial da Saúde (OMS), órgão da Organização das Nações Unidas
(ONU),
a
embriaguez ou intoxicação aguda é de modo geral produzida por álcool/etanol ou outro
produto,
sendo
uma consequência do uso de uma substância psicoativa,
provocando
perturbações da consciência,
das
faculdades cognitivas,
da
percepção,
do
afeto ou do comportamento,
ou
de outras funções e respostas psicofisiológicas (que se refere aos reflexos, à postura, ao equilíbrio, à
coordenação motora e ao mecanismo de execução dos movimentos).
Volto
a enfatizar que,
a
embriaguez corresponde a um estado temporário de intoxicação da pessoa,
provocada
pelo álcool/etanol ou substância análoga ou de semelhantes
efeitos ( tranquilizantes, narcóticos, entorpecentes – morfina,
barbitúricos, calmantes, estimulantes- anfetaminas/rebite, cocaína, heroína
entre outros),
que
a priva do poder de autoridade de autocontrole,
e
reduz ou anula
a
capacidade de entendimento.
Assim,
a simples suspeita de embriaguez
não é suficiente para comprovar
o suposto estado alcoólico alterado.
A embriaguez, tomando como
exemplo “ a embriaguez no trânsito”,
pode ser constatada com exame
que comprove a quantidade de álcool/etanol no sangue (os resultados mais
confiáveis são obtidos por determinação cromatográfica).
E
mesmo este exame pode sofrer interferências...
(Tecnicamente
sua credibilidade é considerada “boa”)
Há
também mais um fato a considerar, que é o grau de embriaguez...
(Que
creio ser a sua pergunta).
A
classificação do grau de embriaguez dependerá não somente do teor de álcool/etanol
no sangue,
mas
principalmente do grau de tolerância individual de quem bebe.
E
a tolerância, por sua vez, depende de muitos fatores, tais como:
-
idade,
-
peso,
-
sexo,
-
nutrição,
-
estados patológicos associados e a,
-
habitualidade.
Logo
o grau de embriaguez não guarda uma relação direta com a quantidade de etanol
utilizada (ingerida);
como
muitas tabelas relacionam.
(As
tabelas ofertam somente uma estimativa)
...
e a estimativa nem sempre nos leva a algum lugar significativo,
mas
sem ela é claro,
não
vamos a lugar algum.
Cabe
repetir,
que
a quantidade de etanol apresentada pelo indivíduo (teste conhecido como alcoolemia),
isoladamente,
não
é suficiente para determinar o estado de embriaguez alcoólica.
Este
estado é sim determinado,
por
um conjunto específico de evidências.
Dá
para entender então,
a
dificuldade em se mensurar a “embriaguez”?
Um
adendo que gostaria de enfatizar,
pois
o tema já é “conhecido” no meio jurídico
é
sobre o texto da “Lei Seca” no Brasil.
Ela
trata todos os condutores de maneira igual,
mesmo
tendo as pessoas comportamento distintos em relação à ação do álcool/etanol no
organismo,
como
vimos anteriormente.
É
tratar igualmente os desiguais.
Esta
é “uma das” falhas do texto...
(Mas
este é um outro tema)
Então
fica o alerta,
que
para mim é
o
principal...
Se
for dirigir não beba,
ou
não consuma substâncias prescritas como interferentes
em
sua capacidade psicomotora e/ou psicológica.
E
que assim,
espero
ter respondido
à
sua expectativa intelectual...
...
e a dos leitores também.
...”Milagre
é quando tudo conspira contra,
mas
DEUS vem de mansinho e com um sopro leve,
muda
o rumo dos ventos”.
Um
Feliz Natal e um Ano Novo com Saúde física e Paz de espírito... Se gostar,
compartilhe com amigos.
ACésarVeiga
Nenhum comentário:
Postar um comentário