ESTES INCRÍVEIS
RADIOAMADORES
Autor do artigo: Mário Keiteris- PY2 M X K
- Radioamador Veterano e Escritor
- outubro/12
Dia destes visitou-me um amigo que não é radioamador, vindo
a perquerir-me sobre o radioamadorismo. Perguntando-me :
"Eu gostaria de saber porque um radioamador fica horas e
horas na frente de um rádio ouvindo chiados, e de vez em
quando, alguém fala como o "Pato Donald", e no fim das
contas, coleciona cartões postais?
Eu gostaria saber o que existe realmente de bom no
radioamadorismo?".
Ao ouvir esta pergunta, percebi que ele não tinha nenhuma
noção do radioamadorismo, mas a sua falta de saber não ficou
em brancas nuvens, ao contrário, eu lhe revelei algumas
características do radioamadorismo.
Expliquei-lhe que: O
radioamadorismo é um hobby científico com diversas
modalidades. O radioamador é a
pessoa que procura manter funcionando uma estação de
radiocomunicação, ora para comunicados e conversas
informais, bem como para concursos e competições nacionais e
internacionais.
Além dos "bate-papos" e contestes, o radioamador pode
auxiliar as autoridades da Defesa Civil nas situações de
risco e calamidades públicas, levando as comunicações aos
mais longínquos rincões, por exemplo, ao interior da
Amazônia ou da Savana Africana.
Algumas dessas modalidades utilizam-se do Código Fonético
Internacional e do Código Q em sua comunicação que é muito
utilizada por radioamadores no mundo inteiro em troca de
informações e mensagens, tanto em curtas quanto em longas
distâncias.
Estes códigos são utilizados por serviços diversos, tanto
civis quanto militares, e também por profissionais e
empresas que utilizam a radiocomunicação como fator de
contato entre seus integrantes.
Para ser radioamador e necessário obter o indicativo e a
licença que é outorgada pelo governo brasileiro (ANATEL),
antes porem e necessário um exame de qualificação,
capacitação técnica e habilidade.
Para poder comunicar-se é indispensável possuir um
transceptor de HF pelo menos, e uma boa antena, isso só para
começar.
O cidadão perscrutou o meu mapa mundi especial para os
radioamadores que consta a divisão do globo terrestre em
graus, para assim poder dirigir a antena ao local ou o pais
que pretende-se contatar, segundo o horário e a distancia de
cada pais.
Ele ouviu, viu, e acompanhou-me enquanto fazia comunicados
com muitos pontos do globo terrestre, viu algumas
experimentações eletrônicas.
Ouvimos o áudio puro e "límpido" das transmissões em FM;
Ouvimos no meu equipamento os longos câmbios dos operadores
do modo AM;
demonstrei performances operando o batedor de
telegrafia; ouvimos as
rodadas;
informei-lhe que o radioamadorismo foi a primeira web que se
tem conhecimento, abnegados radioamadores transformando
peças eletrônicas usadas em transmissores, com isso se
conectaram com o mundo via ondas hertezianas, pode se dizer
que estes radioamadores foram os pioneiros da Internet de
hoje.
As origens remotam ao menos o final de 1800, o
radioamadorismo, como o conhecemos e praticamos hoje em dia,
começou praticamente em 1900.
A primeira lista (CallBook) de estações de radioamadores
encontra-se no First Annual Official Wireless Blue Book of
the Wireless Association of America de 1909.
Este primeiro Callbook, lista as primeiras estações de
telegrafia sem fio do Canadá e dos Estados Unidos, incluindo
89 estações de radiodifusão.
O nascimento do radioamadorismo esta fortemente associado a
vários experimentadores radioamadores.
Ao longo da historia, o radioamadorismo tem feito
contribuições significativas a ciência, a engenharia, a
industria, e serviços sociais.
A investigação realizada por operadores do radioamadorismo
ajudaram a fundar novas industrias, construindo economias e
salvando vidas em momentos de emergência.
Os radioamadores usam diversos modos de transmissão para
comunicar-se.
A transmissão de voz é a mais comum, pôr exemplo: Freqüência
Modulada (FM), que oferece um áudio de alta qualidade,
modulação em banda lateral única (SSB), que oferece
comunicações confiáveis a longa distancia, quando esses
sinais são marginais, o sistema opera com meia banda
restringida sacrificando a qualidade do áudio.
A radiotelegrafia utiliza o Código Morse (também conhecido
por “CW” do contínuos wave, onda continua), é uma atividade
que data aos primeiros dias do rádio.
A extensão sem fio da telegrafia das linhas de terra
desenvolvidas por Samuel Morse foi o método de comunicação a
longa distancia predominante no século 19.
Porquanto os modos e métodos baseados nos computadores
(digitais), substituíram completamente o CW para as
aplicações comerciais e militares, muitos radioamadores
ainda desfrutam usando esse método de comunicação a longa
distancia, particularmente nas ondas curtas e para trabalhos
experimentais como : a comunicação Terra-Lua-Terra, com suas
vantagens inerentes ao sinal/ruído, bem como rastrear e
rebotar em meteoritos.
Consta do currículo de aprendizado dos astronautas a
necessidade de demonstrar habilidade com o conhecimento
especifico do CW. O Código Morse, utilizado grupos de
códigos acordados internacionalmente, permite comunicações
entre radioamadores que falam deferentes idiomas.
Também é popular o transmissor apenas de CW de construção
caseira, já que é mais fácil de ser construído.
Outro equipamento popular de construção caseira é o
transmissor de Amplitude Modulada (AM), esse transmissor foi
muito perseguido por muitos entusiastas do radioamadorismo
em sua época, os amadores da era da tecnologia das válvulas.
A atividade do radioamadorismo é em boa parte recreativa e
no sentido de re-criar, digo, experimentar tecnologias com a
finalidade de conhece-las e compreende-las para mais adiante
utilizar-se das aplicações meramente utilitárias.
Alem de que o espírito do radioamador é moderno e inovador,
mantendo um grande afeto pelas técnicas do passado.
Durante muitos anos, foi necessário demonstrar habilidade
com o Código Morse que era um requisito essencial para obter
o indicativo e a licença de radioamador para operar as
bandas de alta freqüências (freqüências inferiores a 30
MHz), porem mudanças posteriores na regulamentação e
legislação internacional de 2003, que deixava de ser um
requisito obrigatório global, ficando sua aplicação restrita
apenas as administrações governamentais de cada pais.
Como exemplo : A Federal Communications Commission dos
Estados Unidos retirou paulatinamente esse requisito para
todas as classes de licenças a partir de 23 de fevereiro de
2007.
A orientação por rádio (ARDF = Amateur Radio Direction
Finding), aqui no Brasil chamamos de caça a raposa, é um
esporte que consiste em encontrar um rádio transmissor
escondido, usando um receptor de rádio, um mapa e uma
bússola. Para esta
finalidade é usada a banda de 2 metros VHF, ou a banda de 80
metros HF, do radioamador, este esporte é referendado pela
IARU International Amateur Radio Union.
Os comunicados de longa distancia entre as estações de
radioamador são chamadas de DX, que significa : “(D)
distancia, (X) desconhecida”.
Também é uma pratica habitual a de realizar expedições a
lugares remotos, a lugares de difícil acesso, a paises que
devido a nula participação de radioamadores locais,
simplesmente pela falta de desenvolvimento do próprio pais,
que não conseguem conectar-se com o mundo em situações
normais.
Conseguir realizar e confirmar o contato com estas
expedições motiva tanto aos que promovem esta iniciativa,
bem como ao radioamador que esta em sua própria casa
desfrutando o momento.
Alem de tudo estas expedições possuem um alto espírito
altruísta, e inclusive quando trata-se de lugares
desfavorecidos, cedem e doam seus equipamentos para o
desenvolvimento local dos paises visitados.
Radiotelegrafia (CW), Modulação em Amplitude (AM), Banda
Lateral Única (SSB), tanto a superior (USB), como a inferior
(LSB), Modulação em Freqüência (FM), e Modulação em
Freqüência de banda estreita FM-N).
Ultimamente os radioamadores tem adotado também os modos de
operação digital : FAX, SSTV, PACTOR, ROS, radioteletipo
(RTTY), packet radio, que emprega o protocolo AX-25 ( que é
uma variante do X-25), sobre o qual com o correr dos tempos
montaram-se outros, tais como o TCP/IP universalmente
empregado na Internet já desde a década de 1970.
PSK31 que facilita as comunicações de baixa potencia em
tempo real, sobre as bandas de ondas curtas.
Echolink que utiliza a tecnologia de voz sobre IP (VoIP),
tem permitido aos radioamadores comunicar-se através de
repetidoras locais conectados a Internet e nodos de rádio.
IRLP tem permitido a vinculação dos repetidores para
proporcionar maior área de cobertura.
As transmissões de SSTV (Slow Scanning Television) no
radioamadorismo, tiveram início no ano de 1958 quando um
grupo de radioamadores liderados por Copthorne MacDonald VY2
C M, se interessaram em enviar imagens nas faixas de FM/HF.
Este sistema permite transmissões internacionais e
intercontinentais de imagens, pois utiliza as mesmas faixas
de fonia e o mesmo espectro de 3KHz utilizado para
transmissão de voz.
Para reduzir a banda passante que era de 6 MHz na TV, para
apenas 3 kHz no SSTV, foram estabelecidos no SSTV padrões
próprios. O tempo de transmissão de cada campo aumentou de
um trinta avos por segundo (1/30) para oito segundos (240
vezes). O número de linhas por campo foi reduzido de 525
para 120 (4,375 vezes).
A resolução horizontal também foi reduzida na mesma
proporção do número de linhas verticais (4,375 vezes).
Como resultado, obtivemos: 6 000 000 Hz/ (240 x 4,375 x
4,375) = 1 306 Hz, que cabe, folgadamente, na gama de voz,
que é de 2500 - 300 = 2200 Hz.
A informação de vídeo é enviada em forma de sub-portadora
modulada em freqüência, com variação entre 1500Hz e 2200Hz,
onde 1500Hz corresponde ao nível preto e 2300Hz corresponde
ao nível branco.
Os sinais de sincronismo horizontal e vertical são enviados
como salvas de tons de 1200Hz.
As comunicações aeroespaciais é uma das áreas com mais
futuro na exploração do espaço e das radiocomunicações.
Eis aqui, também um fato inusitado, mais de 70 satélites
construídos por radioamadores foram lançados nas ultimas
quatro décadas.
O numero é surpreendente devido a estes sofisticados e
únicos veículos espaciais serem pouco conhecidos fora da
fraternidade radioamadoristica.
A maior organização da atualidade envolvida com a atividade
espacial e a Radio Amateur Satellite Corporation (AMSAT) com
sede em Washington DC.
O primeiro satélite de Radioamador foi construído por um
grupo de amadores californianos que criaram um clube e se
autodenominaram Projeto Oscar, construído o primeiro
satélite de radioamador em 1961.
Desde então a maioria dos satélites feitos por amadores
foram chamados de OSCAR.
O Projeto OSCAR construiu os primeiros quarto satélites.
Então em 1969 foi fundada a AMSAT cujo primeiro satélite a
entrar em órbita foi o OSCAR-5, construído por estudantes
Australianos.
Assim sendo, esta previsto para o final do ano o lançamento
de um satélite de radioamador para entrar em órbita de
Vênus, e, desta forma o radioamadorismo já adentra a era
espacial com comunicações aeroespaciais na exploração do
cosmos. Como de praxe os comunicados entre os
radioamadores geralmente confirmam-se mediante troca de
cartões chamados de “QSL”, esses cartões refletem por
escrito os detalhes que servem para confirmar o contato
bi-lateral realizado com uma outra estação; o indicativo de
chamada, o nome do operador, a posição geográfica em formato
Maidenhead Locator, a freqüência utilizada, o modo de
transmissão, tipo de transmissor, tipo de antena, o
importante é a data, e a hora na base do Tempo Coordenado
Universal, (UTC), pois servem como prova escrita do dito
contato.
Muitos radioamadores mostram com orgulho sua coleção de
cartões “QSL”, as quais confirmam sua perícia e trabalho
como radioamador.
Não prima somente pela quantidade de cartões, existe um
verdadeiro fervor na busca para realizar contatos difíceis,
que são recompensados com a chegada do cartão “QSL”,
confirmando o contato tão almejado.
Na atualidade e também graças a Internet, teve inicio uma
nova tendência, a de se usar a confirmação do contato numa
versão digital do dito cartão “QSL”.
Os interlocutores anotam neste caso os dados do contato na
base dos dados digitais, os quais ao ser cruzados
telematicamente validam o contato bi-lateral.
Posteriormente os radioamadores podem imprimir o resultado
em uma confirmação de papel, evitando assim o uso do
correio, parece que o amigo meu ficou surpreso, entusiasmado
e satisfeito com esta minha rápida explanação sobre o que é
o radioamadorismo.
Autor do artigo: Mário
Keiteris - PY2 M X K
Na esperança de que o presente artigo seja do agrado de
todos espero seus comentários, críticas ou sugestões, pôr
agora despeço-me com um forte e cordial
73.
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