Neste 20 de setembro em que evidenciamos a bravura do nosso homem do campo, em São Paulo, a partir das 14h, um gaúcho urbano nascido no centro de Porto Alegre, em 1861, estará sendo homenageado e reconhecido. No pátio do Colégio Santana, localizado na zona norte da capital paulista, será inaugurado um marco alusivo à primeira transmissão da voz humana por rádio no mundo. Autor da façanha: Roberto Landell de Moura, um padre.
O padre Landell de Moura era pároco da capela de Santa Cruz, que fica ao lado do colégio – e foi a partir desta escola que ele, em 1899, fez a demonstração, com sucesso, da sua invenção: um transmissor de ondas que levava, sem nenhum fio, a voz humana a uma distância aproximada de oito quilômetros até a Avenida Paulista. Estava criado o rádio.
Além de padre, Landell de Moura era cientista. Depois de seus primeiros estudos, em Porto Alegre e São Leopoldo, ele seguiu para Roma e matriculou-se no Colégio Pio Americano e na Universidade Gregoriana, onde estudou química e física. Ainda na Itália, complementou sua formação eclesiástica e formou-se em Teologia. Foi ordenado sacerdote em 1886.
Landell patenteou sua criação em 1901 no Brasil, e em 1904 nos EUA. Mas a falta de reconhecimento às pesquisas do Padre Landell acabou por atribuir ao italiano Marconi o título de “pai do rádio”. De fato, Marconi se notabilizou por transmitir sinais de telegrafia por rádio – mas só transmitiu a voz humana em 1914.
Roberto Landell de Moura, um gaúcho que serviria, em qualquer lugar, de exemplo a toda terra, morreu aqui na Capital tuberculoso e quase anônimo, aos 67 anos, no Hospital Beneficência Portuguesa, ali na Avenida Independência, sem que lhe atribuíssem o devido valor, só agora, tardiamente, reconhecido.
Acima, uma réplica do transmissor de rádio criado pelo padre.