ESTADO DO RIO GRANDE DO
SUL
SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA
BRIGADA MILITAR - ESTADO MAIOR
P M - 5
CLIPPING DE QUINTA-FEIRA,
22 DE JANEIRO DE 2015
CORTES REDUZEM PMs NOS
TERRITÓRIOS DA PAZ (CAPA E PÁGINA 12) Por
força do decreto do governador José Ivo Sartori para cortar despesas e
suspender por 180 dias o pagamento de dívidas herdadas, alguns serviços
públicos na área da segurança e da saúde começam a ser prejudicados. No
Território de Paz do Morro Santa Tereza, em Porto Alegre, cerca de 10
brigadianos trabalhavam até o dia 31 de dezembro com o auxílio de três viaturas
e duas motocicletas. Após o corte das horas extras – a redução anunciada pela
Brigada Militar foi de 40% –, o policiamento diminuiu. Entre 1º e 20 de
janeiro, o efetivo na região, onde residem cerca de 70 mil pessoas, foi
enxugado para dois homens, com apenas uma viatura. Ontem, em um sinal de
recuperação, mas ainda abaixo do nível anterior, eram sete homens, uma viatura
e duas motos. “A nossa torcida é para que não feche o posto, é importante para
a nossa segurança”, diz a comerciante Ana Lucia Palhares, 45 anos. Na área da
saúde, há prejuízos em cidades do Interior, para as quais o governo estadual
deve cerca de R$ 208 milhões. São dívidas deixadas pelo ex-governador Tarso
Genro. Agora, o decreto de Sartori suspende por 180 dias a quitação desses
débitos, o que começa a prejudicar serviços. Em Fontoura Xavier, no Norte, se
acumulam R$ 200 mil em repasses atrasados, sendo R$ 12 mil da farmácia
municipal, que está com escassez de medicamentos. Em Três Cachoeiras, Morrinhos
do Sul e Torres – todos municípios do Litoral Norte –, o Laboratório São Luiz,
da rede privada, é contratado pelo Estado para fazer exames de sangue, urina e
fezes, entre outros, em pacientes encaminhados pela prefeitura. Os pagamentos
estão atrasados há quatro meses, e o passivo soma R$ 40 mil. PORTO ALEGRE
BALANÇO SERIA O MOTIVO
PARA FALTA DE VERBAS (PÁGINA 12) Diante
da redução do policiamento no Território de Paz do Morro Santa Tereza, o
subcomandante da Brigada Militar, Paulo Moacyr Stocker dos Santos, afirmou que
a diminuição de horas extras entre o fim de dezembro e o início do ano é
“normal”: “É o momento em que se fecha o balanço financeiro do Estado, e ocorre
uma demora na confirmação dos recursos que serão liberados”. Ele ainda
contestou a informação, obtida junto ao Território de Paz, de que entre 1º e 20
de janeiro apenas dois homens atuaram no local. E afirmou que a redução de 40%
das horas extras terá efeito “irrisório”. A Secretaria da Saúde informou que
fez, ontem, repasse de R$ 7,1 mil ao Laboratório São Luiz, referente ao
pagamento de outubro de 2014. Para Fontoura Xavier, a previsão é de liberação
de recursos até amanhã. PORTO ALEGRE
EFEITOS DA DECISÃO
(PÁGINA 12)
Como
reagem setores e localidades atingidos pela ação governamental
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-Brigada
Militar:
no Território de Paz do Morro Santa Tereza, em Porto Alegre, a diminuição de
horas extras prejudicou o efetivo. Até o final de dezembro, o local contava
com 10 brigadianos, três viaturas e duas motocicletas. Entre 1º e 20 de
janeiro, a redução foi para dois homens e uma viatura. Ontem, estavam na
região sete homens, uma viatura e duas motocicletas.
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-Bombeiros: coordenador-geral da
Associação de Bombeiros do Rio Grande do Sul, Ubirajara Ramos afirma que 400
soldados esperam apenas o curso de formação antes de assumirem função na
corporação, historicamente afetada por falta de efetivo. Com o decreto,
contudo, as nomeações de servidores estão fechadas. Com a redução de horas
extras, uma unidade de Bombeiros no bairro Mathias Velho, em Canoas, na
Região Metropolitana, chegou a ficar fechada por um dia, mas um remanejamento
de pessoal permitiu a reabertura do local.
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-Morrinhos do Sul: o prefeito Leandro Borges Evaldt foi
avisado pela direção do Laboratório São Luiz de que os exames de sangue,
urina e fezes, entre outros, terão de ser suspensos ao final de janeiro caso
não haja algum pagamento. Situado em Três Cachoeiras, o laboratório atende
pacientes de Torres, todos encaminhados pelo SUS. A dívida do Estado com o
estabelecimento é de R$ 40 mil, com acúmulo de atraso entre os meses de
outubro e janeiro.
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-IPE: como o decreto suspendeu o pagamento de dívidas,
surgiram riscos de cancelamento de consultas pelo IPE. Os honorários dos
médicos, de dezembro, estavam em aberto. Na última segunda, a Secretaria da
Fazenda liberou R$ 87,6 milhões para honrar dívidas do período entre 1º e 20
de dezembro de 2014. A diretoria do IPE diz que, agora, a situação está
normalizada. No dia 26 de janeiro, vencem os pagamentos dos procedimentos dos
últimos dias de dezembro.
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HERÓIS E ANTI-HERÓIS
(Artigo assinado pelo jornalista Humberto Trezzi, página 26) Eu
vi um bombeiro chorar. Foi em Santa Maria, na semana passada, às vésperas dos
dois anos da maior tragédia gaúcha, o incêndio na boate Kiss. O sargento
embargou a voz e fechou o semblante, deixando as lágrimas escorrerem pelo
rosto. Queria desabafar aos jornalistas. Chorou pelas 242 vítimas, que não pôde
salvar. Por nunca ter recebido agradecimento. E por ter sido um dos
crucificados no festival de irregularidades que marcou essa tragédia. O
bombeiro que chorou não é um dos que vistoriaram e liberaram a boate para
funcionar, mesmo ela sendo uma armadilha, um bloco de concreto com uma só saída
que virou túmulo de centenas. Não. O sargento estava na linha de frente do
combate ao fogo, mas acabou sob suspeita de não ter feito tudo o que podia. De
não entrar na boate nem ter impedido que voluntários corressem risco de vida
(alguns morreram ao ingressar no inferno da Kiss). Você entraria, sabendo que
ninguém saía consciente dali? Com a fumaça tóxica desencadeando tosse e
atordoando quem a desafiava? Sei bem como é, fui treinado em brigada de
incêndio. Alguns bombeiros entraram em meio ao breu e à fumaceira, vi os
vídeos. Outros ficaram no apoio, fornecendo água. Faltou equipamento para tanta
tragédia. Era época de férias e o contingente estava reduzido. Humanos, os
bombeiros não barraram voluntários: ficaram gratos diante de tanta ajuda
inesperada e bem-vinda. Não sabiam até que ponto a Kiss era arapuca mortífera.
O militar que entrevistei abriu buracos no prédio, foi engolfado pela nuvem
química e ainda ajudou a carregar corpos. Dias depois, ao ouvir na TV que
bombeiros se omitiram no cumprimento do dever, o filho do sargento – esse do
desabafo – perguntou: – Pai, você deixou mesmo aquelas pessoas morrerem?Então o
sargento viu que de herói virara anti- herói. Chorou várias vezes desde então.
Mesmo depois de ser inocentado, quando o Ministério Público considerou que ele
não cometera delito. Faltava o desagravo da opinião pública, que aqui está.
Isso não significa igualar todos os bombeiros. Alguns deixaram que a danceteria
funcionasse, mesmo sem saídas de emergência, com espumas inflamáveis
inadequadas, janelas vedadas, extintores vencidos e luzes de emergência
apagadas. Outros tinham firmas para fazer laudos técnicos a quem pagasse (a
Kiss pagou e permaneceu aberta). Esses ainda devem muita explicação.
Especialmente aos familiares dos 242 mortos.
SALVA-VIDAS CIVIS
DESCONTENTES (PÁGINA 12) Salva-vidas
civis estão começando a abandonar as guaritas no litoral gaúcho. O motivo é a
falta de pagamento por parte do governo do Estado. Dos 86 civis contratados
para ajudar a reforçar os trabalhos da Operação Golfinho, quatro já teriam
desistido. LITORAL
NORTE
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