RIO – A manifestação realizada nesta quinta-feira, 31, no Rio, que culminou com a invasão da Câmara Municipal, acabou com três feridos, sendo um policial, e um preso. O protesto começou às 16h na Cinelândia, em frente à Câmara, e reuniu 2 mil pessoas, que seguiram em passeata pelo centro. Elas protestavam contra o decreto estadual 44.305/2013, que criou a Comissão Especial de Investigação de Atos de Vandalismo em Manifestações Públicas (Ceiv), e exigiam o impeachment do governador Sérgio Cabral (PMDB). Após passar pelo Ministério Público Estadual (MPE), onde um grupo foi recebido pelo procurador-geral de Justiça, e pela Assembleia, eles voltaram à Cinelândia e tentaram invadir a Câmara.
Marcos Arcoverde/AE
Ativistas pedem a saída do governador Sérgio Cabral (PMDB)
Segundo assessores parlamentares, alguns manifestantes que estavam dentro da Câmara tentaram destruir o gabinete da presidência, exercida pelo vereador Jorge Felippe (PMDB). Outros ativistas tentaram conter esse grupo, sem sucesso. A polícia então decidiu retirar todos os manifestantes com cassetetes e spray de pimenta. O prédio foi esvaziado e vários manifestantes dizem ter sofrido agressões dos PMs.
Do lado de fora, manifestantes que lançavam pedras e fogos de artifício contra os policiais foram atacados também com cassetetes, armas de choque e gás pimenta. Um policial foi ferido na boca e dois manifestantes foram atingidos por pedras lançadas por outros ativistas. A polícia não usou bombas nem dentro nem fora da Câmara.
Por volta das 23h os manifestantes se dispersaram. Um grupo foi para a casa de Cabral, no Leblon, e outro para a delegacia onde um manifestante estava detido acusado de dano ao patrimônio público. Cerca de 40 integrantes do grupo Black Bloc, que usam máscaras e defendem atos de destruição, seguiram até a Assembleia Legislativa, mas não chegaram a atacá-la. Eles se dispersaram quando a polícia chegou.
Um dos principais motivos do protesto, o decreto de Cabral que criou a CEIV foi criticado por juristas porque atribuiria à comissão o poder de quebrar o sigilo de pessoas investigadas por suspeita de envolvimento em atos de vandalismo. Só a Justiça pode autorizar essa quebra de sigilo, defendem os críticos. Cabral então anulou a primeira versão do decreto e publicou outro texto, com mudanças pontuais e também criticado. A norma foi produzida com apoio do MPE. Por isso, durante o protesto desta quarta-feira, os manifestantes foram à instituição e se reuniram com o procurador-geral de Justiça, Marfan Vieira. Ele atendeu ao grupo, mas rebateu as críticas ao decreto: “Essa interpretação (de que é ilegal) é equivocada. Em momento algum a comissão pensou em quebrar sigilo”, afirmou.
Atendendo a pedidos dos manifestantes, Marfan disse que a partir desta quinta-feira, 1º, o MPE vai divulgar, pela internet, informações atualizadas sobre investigações que envolvem o governo estadual, como o uso de helicóptero do Estado pela família de Cabral e gastos públicos com a Copa e a Olimpíada. “Este é um movimento legítimo e democrático.
Quando batalhávamos contra a PEC 37, eu também vesti a camisa e fui às ruas”, disse o procurador. “Não tenho medo de pressões, venha de que lado vierem. O Ministério Público é uma instituição de defesa da sociedade. Não temos compromissos com pessoas nem com grupos, mas sim com a verdade”.
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