AS
MODERNAS ?, OU AS VELHAS ?
“REDES SOCIAIS” DOS RADIOAMADORES
Escreveu : Mário Keiteris PY2 M X K radioamador
veterano e escritor
julho/12
Dificilmente encontraremos alguém mais ou menos
conectado com a vida diária que não tenha ouvido em algum
momento alguma menção sobre o radioamadorismo, porem, bem poucos
sabem realmente no que consiste este Serviço de Utilidade
Publica. Seguramente essa grande maioria
de pessoas já devem ter ouvido em mais de uma ocasião alguma
referência, anedota, noticia, ou história relacionada com esta
atividade tão apaixonante e divulgada internacionalmente chamada
de radioamadorismo. O Radioamadorismo em si é um dos hobbes e
prestação de serviços dos mais fascinantes. E muitos e muitos
anos antes de se ter conhecimento e de se falar em Internet,ou
dos telefones inteligentes, os
radioamadores já possuíam e formavam uma teia de amigos de
solidariedade em todo o mundo (Redes Sociais). O radioamadorismo
querendo ou não, é a imagem da sociedade em que vivemos.
Durante muito tempo, eu me senti atraído pelo fenômeno incrível
de poder conversar instantaneamente com alguém que não podia ver
através do "aparelho" e, em muitos casos, localizados a muitos e
muitos quilômetros de onde eu estava.
Esse fenômeno, despertava em minha pessoa uma grande curiosidade
e desejo de aprender como isso poderia ser feito, e acabei
tornando-me um radioamador.
Ultimamente, muitos dos meus colegas radioamadores tem feito-me um
tipo de pergunta: Pôr que a minha relutância em integrar nos
sites de "redes sociais"? A minha resposta é quase sempre a
mesma : Acontece comigo, como acontece com um amigo meu, o
ginecologista, ele garante que acaba dormindo enquanto assisti a
um espetáculo de strip tease.
"-Imagine, eu trabalho onde os
outros se divertem", diz ele com alguma ironia.
O mesmo que acontece com o ginecologista em relação ao
strip-tease, acontece comigo como radioamador, eu não possuo o
dom de "redes sociais", pôr falta de um atrativo especial.
Nem mesmo consigo ver nelas algo de novo, porque, pelo menos
para mim, o uso do software, para se envolver em atividades
sociais com os meus colegas, não é, nem nunca foi, uma novidade . Eu venho fazendo isso já a
muitos anos, daquela época em que ainda não existia a Internet,
foi quando coloquei-me na frente da minha estação de rádio
amador, e com infinita paciência, aprendi a participar em redes
de seres humanos que foram ligados através de distâncias pôr
meios tecnológicos, e cooperar ativamente entre si, mal se
conhecendo e confiando sempre.
As "redes sociais", baseadas na tecnologia não nasceram comigo nem
com o radioamadorismo. Nos
primórdios dos tempos, já existiam redes sociais, inicialmente
com o correio, em seguida com o telegrafo, depois com o rádio e
pôr agora com a Internet, e logo mais para o futuro com o que
será? Inclusive a partir de 1909, época em que geralmente é
considerada como inicio das atividades radioamadoristicas, os
operadores telegrafistas dedicavam-se a “conversar” com o
batedor telegráfico. O faziam nos
momentos livres, assim que permita o trafego das mensagens
próprias do serviço.
As redes sociais postais foram uma realidade, inclusive, antes
da invenção do telegrafo e do rádio.
Ao contrario do que pode-se supor, estas primitivas redes
sociais tecnológicas não eram espaços dominados pela solenidade,
amordaçadas pelo autoritarismo, ou impulsionadas exclusivamente
pelo altruísmo. Muitas destas
redes cresceram somente pela força da amizade, da vontade de
passa-lo divertindo-se, ou simplesmente pelo desejo de matar o
tempo ocioso, ou de conhecer um pouco pessoas interessantes,
essas pessoas não se veriam nunca pôr toda sua vida, ou para
simplesmente servir o próximo desinteressadamente.
Estas mesmas redes, em curso, serviam para mitigar as
conseqüências dos desastres naturais, para prevenir, para fazer
chegar medicamentos e assistência a lugares impossíveis, para
ajudar as pessoas necessitadas, para reunir famílias dispersas,
e para tantos outros fins nobres e desinteressados. Essa
tarefa de servir a comunidade, e feita com dedicação, afeto,
carinho e
vocação de serviço, com alto conceito de ética, amizade, e com
dignidade humana.
Muitas pessoas enaltecem agora o caráter virtualmente
instantâneo das comunicações pelo Facebook ou pelo Twitter,
porem temos que reconhecer de que as faixas de radioamador,
tanto nas ondas curtas como nas do V.H.F., proporcionavam também
naquela época, bem como atualmente, uma comunicação instantânea,
inclusive mais rápida que hoje se move ao redor da louca
circulação de pacotes de “bits” pêlos vínculos digitais.
Houve uma época, inclusive, que as comunicações dos
radioamadores eram mais confiáveis, eficientes, estáveis e
rápidas do que a que podia-se estabelecer via telefone.
Para servir a guisa de exemplo anoto aqui que a antiga Telesp, informava uma demora de 45 minutos a 1 hora
para fazer uma simples ligação telefônica com a vizinha
localidade de São Bernardo do Campo S.P., município que
localiza-se a 30 kilometros do centro da Capital de São Paulo.
Para estabelecer um contato via telefone com outras capitais do
Brasil, dependendo da distância, levava-se um dia inteiro de espera, as vezes ficava para
o dia seguinte. Isso não estava acontecendo em 1900 ou antes,
mas em 1990.
Evidentemente, existem muitas diferenças entre as modernas "redes
sociais", e suas predecessoras tecnológicas.
A primeira delas, é a grande massividade que tem
alcançado diante da grande difusão das novas tecnologias.
A segunda, é a mais notável diferença existente entre os
usuários daquelas redes primitivas com as atuais, é que eram
muito mais educados, corteses, e respeitosos quanto a
privacidade alheia do que os usuários das atuais tecnologias.
Existe um certo ponto que me deixa totalmente absorto quando
leio as “recomendações”, dos expertos entendidos
em matéria de etiqueta de redes sociais, porque em minha humilde
opinião, não inventaram nada de novo, pôr exemplo : Regras
como : “Leia antes de escrever”. “Não use termos pesados”.
“Cuide da sua imagem”. “Não fique com raiva”. “Vigie os mal
entendidos”.
Regras estas que hoje fazem parte do chamado “manual de
urbanidade para os cibernéticos”.
Quero aqui frisar que já fazem mais de 80 anos, quando
a ARRL (American Radio Relay League, associação dos
radioamadores dos Estados Unidos), consagrou o seu famoso e
universal código de conduta e ética nas comunicações, ao mesmo
tempo que aparecia nas primeiras paginas do seu volumoso
Handbook.
Os radioamadores também foram os pioneiros na transmissão de
imagens.
Primeiro com o intercâmbio de cartões QSL, que alcançou épocas
de trafico muito intenso, e em seguida pôr meio de experiências
com a televisão de varredura lenta (Slow Scan Television),
contemporaneamente fizeram possível de se ver o rosto e a
identificação do interlocutor remoto em uma minúscula tela de
raios catódicos.
Atualmente as modernas 'redes sociais" da Internet parecem mais
com as velhas "redes sociais" da Faixa do Cidadão, aquele espaço
do espectro dominado pôr caminhoneiros linguarudos e pôr
aventureiros de fama duvidosa, onde não havia necessidade de uma
autorização administrativa para transmitir.
As "redes sociais" da Faixa do Cidadão chegarem a ser muito extensas,
influentes e poderosas, porem, esgotam-se e implodiram,
precisamente pela falta de regras, pela massividade, pêlos
abusos, e pela falta de respeito, principalmente.
As atividades dos radioamadores, pelo contrario, esteve sempre
baseado no mérito e na capacidade.
Não é em vão que as licenças são outorgadas para que os
radioamadores operem estações e equipamentos, mediante créditos
de sua habilidade e capacidade técnica em um exame de
qualificação.
A diferença das modernas "redes sociais", com as velhas e atuais
"redes sociais" dos radioamadores é que não tem valor para o
radioamador o simples fato de conectar-se a elas, ou pôr
quantidade de conectados, a não ser pôr objetivos que são
capazes de alcançar.
Nenhuma rede de radioamadores pode presumir a quantidade de
operadores que logra a reunir, assim como os radioamadores não
saem pôr ai a ufanar-se de sua popularidade, ou a quantidade de
operadores com que se comunica, para muitos deles, entre os
quais me incluo, temos um conhecido adágio que diz : “Se não
serves para servir, para nada serves”.
As modernas "redes sociais" se diferenciam também das velhas rodas
de radioamadores onde eles perseguiam com a sua união,
autênticos objetivos sociais.
Porquanto no Facebook, Twitter, Linkedin, e outros, uma grande
maioria busca apenas satisfazer seu ego, alimentar seu
narcisismo, ou manipular os demais com propósitos meramente
egoístas, e, apesar de tudo, creio eu, as modernas redes sociais
são tremendamente democráticas, todas as pessoas podem
utilizar-se da rede indistintamente, tanto é que também dão a
oportunidade para os analfabetos se manifestarem e exararem suas
opiniões com igualdade, porem se alguém conseguir ler estas
mensagens é outra historia, que não cabe a mim expor neste
artigo. A existência de regras de
comportamento e a exigência de uma certa capacidade intelectual
para operar os equipamentos de rádio, são dois dos fatores que
permitem que o radioamadorismo resista aos ataques e a
modernidade e pôde comprir seu primeiro século de existência.
Ao contrário, a falta destes elementares requisitos e exigências
acelerou para a quase extinção as "redes sociais" da Faixa do Cidadão.
Portanto, não é aventureiro supor agora, que as atuais e
modernas "redes sociais" estão seguindo o mesmo caminho, já
nota-se uma fraca decadência, e estas "redes sociais" se
extinguirão muito mais depressa do que se possa imaginar.
Se em sua época, as faixas radioamadoras tiveram estado
trunfadas de clandestinos e piratas do espectro, seguramente
tiveram a capacidade de prestar um serviço de utilidade publica
a sociedade.
A pirataria no ciberespaço é quase igual, porem muito mais
perniciosa, aqui ainda existe uma diferença, antigamente era
muito fácil saber e localizar um clandestino ou pirata, hoje em
dia isso não acontece, porque para localizar um clandestino ou
pirata é caso que só a policia pode resolver.
As "redes sociais" de hoje em dia estão abarrotadas de
comunicadores com tapa-olho e perna de pau, disfarçados de
cidadãos normais e bem intencionados.
Sua especialidade é de imiscuir-se com disfarces nos canais, a
priori com transparência na nova comunicação digital, com
propósitos tão desprezíveis, como o de distorcer as mensagens,
dificultar o entendimento, ou destruir a honra e o bom nome de
seus semelhantes.
E o que é mais lamentável é que muitas vezes essas pessoas
inescrupulosas ganham com uma assombrosa facilidade o aplauso da
multidão.
Porem temos que compreender, que a multidão, como os piratas e
os clandestinos, não tem a necessidade de prestar um exame de
capacitação técnica e habilidade para poderem comunicar-se e
tampouco cultuam com paixão aqueles comportamentos humanitários
e cavalheirescos, e é o que tem permitido aos radioamadores
sobreviver aos vais e vens globais, tecnológicos e econômicos
pôr mais de cem anos, não existindo fronteiras étnicas ou
geográficas para os radioamadores.
Escreveu: Mário Keiteris -
PY2 M X K Na esperança de que o presente artigo seja do agrado de
todos espero seus comentários, críticas ou sugestões, pôr
agora despeço-me com um forte e cordial 73.
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